O videogame sempre me acompanhou em vários momentos da minha vida, na infância com os CD-ROMS no PC, depois com vários jogos já no Playstation 1 e 2, PSP e posteriormente no Xbox 360, Ps4 e PC.
Falo brincando que talvez meu pai tenha se arrependido de ter me mostrado os games porque eu realmente peguei gosto na coisa, me divertia passando horas jogando e imerso no universo dos games.
É uma companhia que sempre esteve lá por mim, e não posso deixar de dizer que ganhei muitos amigos por conta disso, é uma coisa que sempre me acompanhou em várias fases, literalmente, da minha vida.
Só que hoje com a vida adulta e tanta correria eu me afastei um pouco dos controles, ainda acompanho lançamentos, vejo vídeos e notícias desse universo, mas vem se tornando cada vez mais raro eu sentar na frente do computador para jogar alguma coisa.
E com esse sentimento de talvez confusão por não saber o que jogar, me pego pensando mais em que poderia estar do jogando do que realmente ir lá e jogar, mesmo tendo vontade e a possibilidade de poder fazer isso.
E não por acaso eu caí em alguns vídeos que caracterizaram esse comportamento como a “Síndrome do PC Gamer”, onde nessa vasta gama de possibilidades de jogos e títulos sendo lançados acabamos realmente perdidos no que jogar.
Já me peguei baixando algum game da minha biblioteca para jogar mas depois nem sequer abri o jogo, e se abri algumas vezes não passei nem do tutorial ou sequer mais que 10 minutos jogando.
Essa competitividade entre os títulos e da nossa atenção também com redes sociais, celular e tudo mais vai deixando a coisa cada vez mais cansativa.
Esse comportamento tem sim uma explicação bem detalhada sobre dopamina e conexões que nosso cérebro faz com o sistema de recompensas, e atualmente cada vez mais isso está bagunçado.
Vou deixar um vídeo aqui da Lisa Guerra, uma psicóloga e produtora de conteúdo que alinha a psicologia com cultura pop, games, animes e tudo mais, nele, ela explica exatamente como essa tomada de decisão afeta nossa mente.
Agora entendendo como isso realmente funciona dentro da nossa cabeça e levando em consideração as dicas que a Lisa deu pra gente de deixar um pouco o celular de lado, respirar um pouco do ar do mundo lá fora e “resetar” nosso comportamento, como se curar e realmente voltar a jogar?
Vou te contar aqui minha experiência para realmente conseguir voltar a desfrutar de bons momentos junto com os videogames, escolher o que jogar, começar novos títulos, revisitar alguns antigos, algumas dicas e rocomendações para não perder o foco da jogatina e não se frustrar mais com esse sentimento.
1. Se Organize
A primeira coisa que fiz foi me organizar, sim, penso no meu eu hoje falando para meu eu da infância que ele teria que reaprender a jogar videogame e se organizar para conseguir fazer isso.
Eu utilizo bastante o Notion, que é uma plataforma muito boa para organização de projetos e também para organização pessoal, (você não necessariamente precisar usar essa plataforma também, só captar a ideia que vou sugerir a seguir), e pensei, porque não também organizar o que eu vou jogar?
Lá achei um modelo gratuito que se chama Video Game Tracker ele é todo personalizável e bem visual, e lá eu consigo criar listas do que eu já joguei, pretendo jogar, e estou jogando, assim como jogos que abandonei e próximos lançamentos que estão por vir.
É possível também organizar o tempo de jogo e várias outras funções e opções para deixar tudo o mais completo possível, mas por hora só fiz o básico, vou deixar um print aqui de como está minha lista até agora:
Essa listagem foi um boa sacada para saber o que já joguei, quais me diverti jogando e quais não me cativaram tanto, e também para já decidir o próximo game que vou jogar assim que acabar o que estou jogando.
Nesse processo evitei colocar mais de 2 jogos para não cair de novo no looping da tomada de decisão e também evito jogar mais de 2 jogos de uma vez para não me perder no processo e não acabar jogando nenhum deles.
Você consegue fazer essa organização também com um caderno, documento de texto ou até uma planilha mais organizada, escolha o meio que for mais fácil para você.
Agora que nós já organizamos os nossos jogos e sabemos o que já jogamos até aqui vamos escolher qual vai ser o game que vamos jogar em seguida, e para isso vamos usar alguns critérios.
2. Decidindo o que jogar
Agora entra uma parte bem pessoal do processo, a maioria do meu tempo de contato com os jogos foram em experiências single player, mas passei várias horas também jogando alguns multiplayers com amigos, o que mais jogava com eles, e por muito tempo era o único, foi o League of Legends (hoje um vício que estou curado).
No meio desse processo também chegou uma hora que eu estava mais me estressando com o jogo do que realmente jogando para me divertir, o que é bem comum nesse tipo de game, então já era uma coisa que não fazia sentido mais para mim.
Identificar esse tipo de coisa foi um bom passo para entender qual tipo de jogo faria mais sentido jogar ou começar. Se você joga mais jogos multiplayer talvez uma boa estatégia seja achar algo mais cooperativo ou casual do que competitivo, para que você não perca a atenção ou a paciência durante a jogatina, e consiga se prender realmente ao jogo, que consiga reviver o prazer e a alegria de desfrutar de um bom game.
Mas agora se você tem mais contato com jogos singleplayer então acho que o processo vai ser mais fácil. Sabendo disso, o que escolher para jogar? Qual game vai fazer mais sentido começar agora? O que evitar jogar?
Para definitavamente escolher um jogo que faz sentido acho melhor considerar alguns elementos importantes que vão ajudar nesse processo, mais uma vez essa parte se torna bem pessoal também, cada um tem um gosto diferente então vai muito das suas particularidades, mas pensando nisso, vamos analisar esses 4 pontos:
Quanto tempo tenho para jogar?
Qual o último jogo que me diverti e mergulhei jogando?
Que elementos desse jogo me fizeram continuar jogando?
Quais jogos que tem esses elementos ou são similares?
Vamos imaginar um cenário em que você tem 1 hora por dia para jogar, o último jogo que você se divertiu jogando foi Red Dead Redemption 2, o que fez você gostar desse jogo foi o mundo aberto e a narrativa, o elemento que te fez continuar jogando foi a curiosidade para saber como iria terminar a história do game e todo o ambiente do jogo.
Alguns jogos similares e que fazem sentido nessa escolha podem ser The Witcher 3, Assassin’s Creed Valhalla, Days Gone e por ai vai, que sim, são jogos bem extensos, e que nessa 1 hora de jogatina por dia, sem levar em consideração que talvez você consiga jogar mais que isso em um fim de semana, vão ser jogos que você vai demorar para zerar.
E isso também talvez pode ser frustante já que na correria da vida você não consegue mais terminar 2 ou 3 jogos em um mês igual no seu “auge como gamer”.
Nesse primeiro momento é interessante ser estratégico, talvez escolher títulos mais curtos, ou que não dependem necessariamente de uma narrativa totalmente linear, tudo isso para que você não abandone o jogo, e que consiga pelo menos termina-lo.
O intuito aqui é filtrar nossas escolhas de uma maneira inteligente para facilitar esse processo, mas o que pode ajudar também, quem sabe, voltar a jogar um jogo que você até estava curtindo, mas que abandonou pela metade, ou que talvez você não conseguiu zerar na infância, e foi isso que eu fiz.
3. Nostalgia e Assuntos Inacabados
Na época do Playstation 2 quando eu já era moleque toda a vez eu começava a jogar Maximo vs. Army of Zin, que é um jogo em uma pegada hack and slash (estilo que eu gosto muito), com elementos de exploração e aventura, feito por fases. Eu nunca terminava esse jogo, sempre chegava na mesma ou em uma fase adiante de onde tinha parado, mas nunca consegui terminar o game.
Então se tornava uma escolha bem interessante e nostálgica. Ser de um estilo que eu gosto, a curiosidade por saber o final do jogo, mais curto de se jogar, e também resolver essa pendência que o meu eu do passado deixou para o meu eu do futuro.
E como foi divertido esse processo, nas primeiras fases lembrava de praticamente tudo o que tinha que fazer e itens que tinham para pegar (até os escondidos), de tanto que repeti esse início do game, nas seguintes tudo viraria novidade.
Hoje meu inglês é mil vezes melhor do que na época, então os fragmentos de informação que eu pegava na época, hoje para mim já se tornavam informações valiosas sobre a narrativa do jogo, agora eu entendia o que eu estava jogando, o que deixa tudo bem mais satisfatório.
Muitas fases, upgrades e chefes derrotados depois eu estava me aproximando do fim do jogo, e a tormenta do que jogar em seguida se aproximava cada vez mais, só que eu já tinha algo em mente usando aqueles pontos que mencionei agora a pouco, iria me aventurar mais uma vez em Nova Iorque em Spider-Man 2, e assim foi.
Revisitar algum jogo que te marcou é uma ótima pedida, mas cuidado com o fator nostalgia, ele é muito delicado, jogar novamente um game que você jogou na infância/adolescencia pode reforçar o sentimento ou acabar o apagando, acinzentando a experiência.
Você pode sim descobrir coisas novas e ter uma outra experiência, no meu caso bem positiva, mas também pode perceber que talvez aquele game não faz mais muito sentido ou não te agrada mais como te agradava antigamente, pelo menos nesse momento em que você está, mas não se preocupe, se isso acontecer talvez seja melhor não insistir naquele título.
Porém existe sempre aquele jogo “confortável” que você sabe que vai te animar e te trazer alegria jogando, no meu caso são Kingdom Hearts 2, Zelda Ocarina Of Time, Castlevania: Symphony of the Night, e por aí vai.
Mais um ponto importante é que talvez ao revisitar algum jogo novamente como comentei você pense que pode estar “perdendo tempo” ao invés de estar jogando alguma coisa nova, mas isso é bobagem, pense que esse é um caminho que pode ajudar a te puxar novamente ao mundo dos games e que depois você pode aproveitar de novos títulos e experiências.
A grande sacada é, continue jogando, independente se seja um jogo novo ou algo que você já jogou, apenas jogue e procure se divertir jogando.
Agora se você chegou aqui e ainda não conseguiu se dicidir mesmo com o processo que eu te contei até agora vou te deixar algumas recomendações de jogos que podem te ajudar.
4. Volte Ao Controle
Zelda Breath of The Wild
Acho que essa talvez seja a melhor recomendação aqui, com um mundo aberto fantástico e vários elementos de exploração, esse game conta com uma narrativa não linear, o que quer dizer que você pode sair por ai e se aventurar por Hyrule como você bem entender, sem precisar ficar preso necessáriamente a quest principal do jogo.
Vagar pela imensidão dos campos é uma experiência única, de certa forma até relaxante, descobrir novos segredos e derrotar inimigos, pegar novos upgrades, armas, armaduras, tudo vai deixando a aventura mais contagiante, fora que a história do jogo também não deixa a desejar, é um prato cheio para fãs e novos jogadores.
Jogue esse game sem pressa, deguste a aproveite cada parte da experiência, a grande sacada aqui é a liberdede que você tem ao jogar, então aproveite.
Super Mario 3D Land
Esse game é perfeito para jogar sozinho, mas melhor ainda com amigos (lembra o que eu falei dos games cooperativos?). Explorar o universo 3D do mundo do nosso encanador favorito é bem satisfatório e divertido, com várias transformações e alguns desafios que deixam a jogatina por fases muito boa e divertida, ainda mais se você conseguir juntar seus amigos para jogar.
Stardew Valley
Esse com certeza é um dos melhores exemplos de jogos confortáveis. Aqui depois de se cansar da vida extressante da cidade vamos cuidar da fazenda que nosso avô nos deixou. Com várias opções de personalização e uma história bem elaborada é um jogo em que você vai jogar e nem vai ver o tempo passar.
E é justamente elemento que deixa esse jogo fácil de ser jogado, como jogamos com essa mecânica de dias, e eles são em um espaço de tempo relativamente curto, você pode administrar bem o seu tempo de jogatina, pode jogar apenas 1 dia dentro do jogo, (que equivale a mais ou menos uns 13 minutos), ou se aprofundar em uma jornada mais longa.
A sacada é essa, mesmo que seu tempo seja muito curto de jogatina no dia, pelo menos você vai conseguir ir progredindo no game, o que cada vez mais vai ficando mais divertido, também com a possibilidade de jogar com os amigos.
Forager
Falando em progressão esse jogo é a personificação perfeita disso. Nele começamos apenas com uma ferramenta simples, coletando madeira e frutinhas para conseguir contruir novos equipamentos e recursos, só que isso vai escalando de uma maneira que vai te prendendo mais e mais no jogo.
Comprar regiões, automatizar mineirações, criar animais, explorar dungeons, farmar minerais, tudo vai tornando a caminhada muito viciante e divertida. Com a possibilidade de jogar multiplayer também.
A primeira vez que fui jogar esse game passei 3 horas initerruptas grudado na frente do computador, essa ância de querer desbloquear novas máquinas e upgrades é o que com certeza vai te prender nesse jogo, e cuidado com isso.
Orcs Must Die 2
Mais um baita jogo para jogar cooperativamente ou sozinho. Aqui vamos defender as fendas para que nenhum Orc consiga passar para o outro lado.
Com diversas opções de armadilhas e armas únicas você mesmo pode customizar seu estilo de jogo, de uma forma mais agressiva ou mais focada em atrapalhar a chegada dos Orcs até a fenda.
Se possível tente jogar com algum amigo, pois assim vocês podem testar vários combos de armadilhas e itens juntos, é bem divertido e satisfatório.
Espero que algum desses jogos faça sentido na sua escolha, sempre me serviram muito bem. Agora se até aqui você ainda está confuso ou não se decidiu vou apelar para minha carta na manga, jogue algum joguinho de celular.
5. Apenas Jogue
Eu sei, parece bobo, mas algum jogo casual de celular pode puxar seu interesse para voltar a jogar outros jogos, e claro, já que a gente vai jogar no celular tente evitar nesse primeiro contato ficar alternando entre o jogo e as redes socias, scrollando infinitamente.
Vamos começar com o Cat Snack Bar, um joguinho onde você administra gatinhos fofinhos em um restaurante, vai fazendo upgrades, desbloqueando novos pratos e atraindo novos clientes, assim expandindo o negócio e passando para próximas fases e desbloqueando novas vertentes culinárias.
Brawl Stars, um jogo competitivo em equipes de 3 jogadores ou mais com diferentes modos de jogo que podem ser jogados até indivudualmente, contando com personagens com habilidades e estilos de jogo únicos e diversos upgrades para aumentar o seus poderes, assim como o modo ranqueado para você testar suas habilidades.
Por um bom tempo joguei também Tap Titans, que é um jogo onde você toca na tela para derrotar inimigos e chefes. Conforme joga, você melhora seu herói, recruta aliados que atacam automaticamente e ganha itens que aumentam seu poder. Você pode reiniciar o progresso em troca de recompensas que ajudam a avançar mais rápido na próxima vez. É um jogo simples e viciante, onde a ideia é ficar cada vez mais forte.
De última recomendação você poder usar emuladores para emular alguns jogos pelo celular também, qualquer aparelho hoje em dia já consegue rodar com muita tranquilidade os diversos títulos de Game Boy, Nintendo DS e videogames mais antigos como o Super Nintendo por exemplo.
Vale ressaltar que se você tiver um aparelho mais potente ou intermediário vai conseguir jogar alguns jogos de Playstation 1, PSP e até mesmo quem sabe PS2 e 3DS.
De início uma boa pedida é escolher algum título de Pokémon em uma dessas plataformas, já que é um game com a jogabilidade bem tranquila e você pode até deixar aberto rodando em segundo plano para continuar a jogatina sempre que sobrar um tempinho.
6. Deguste da boa jogatina
Já falei anteriormente mas ainda sim é um ponto a se reforçar, a competitividade pela nossa atenção nunca foi tão grande igual atualmente, Instagram, Whatsapp, Youtube, Serviços de streaming, uma enxurrada de notificações, e por aí vai.
Então quando você for jogar fique longe de tudo isso, feche o navegador, deixe o celular longe e no modo silencioso, e se concentre apenas no game que você vai jogar.
Coloque um despertador se você precisar para controlar o tempo de jogatina, se não, apenas relaxe e se divirta jogando igual você fazia antigamente.
Esqueça pensamentos te puxando para o telefone e coisa do tipo, lembre-se que isso é seu momento, que é uma coisa que você gosta de fazer e se sente bem com isso, as redes sociais podem te esperar.
Talvez você precise até se forçar a primeiro momento a jogar para depois entrar em um estado de foco, como pode acontecer com uma leitura também, onde nos primeiros parágrafos talvez você não se concentre tanto ou até tenha que reler algumas vezes, mas depois fica preso a tarefa.
7. Depois da Cura
Conseguir me organizar e usar essas “estratégias” foi uma boa maneira de conseguir voltar a jogar e ter aquela sensação boa de estar podendo fazer isso, que é uma coisa que sempre amei fazer.
Hoje já terminei o Spider-Man 2, e estou jogando Super Mario Wonder, entro religiosamente todos os dias no Brawl Stars para fazer as missões do passe, e também, estou me divertindo muito no Space Marine 2, jogo que vem me cativando e surpreendendo, nunca tinha jogado nada da saga.
Estou ansioso demais para jogar Final Fantasy XVI e também o God of War Ragnarok, sem falar no Dragon Ball Sparking Zero que vem com uma baita dose de nostalgia, além do Sonic X Shadow Generations que também estou doido pra jogar.
Espero que esse caminho sirva para você se “healar” desse “debuff” e conseguir continuar jogando e explorando novos títulos, sejam mais curtos ou mais longos igual já consegui voltar a jogar agora.
Se isso já aconteceu com você me conta aqui nos comentários como foi sua experiência para conseguir voltar a jogar, e assim, reacender essa chama até então quase apagada pelo mundo dos videogames.